31 julho 2015

Viaje enquanto é jovem e depois também

Esta é a tradução do texto de Jeff Goins, publicado originalmente no site Converge Magazine, traduzido por Ana Campos e compartilhado por Sara Martinez, retirado por mim do blog de Talita Ribeiro. Eu amei e vou publicar aqui no blog uma parte do texto com adaptações minha. Após uma viagem incrível que tive sábado passado, tenho pensado bastante sobre a próxima e já coloquei isso como prioridade de vida. 



"Enquanto escrevo isso, estou voando. É uma coisa incrível: estar suspenso no ar, se movendo a 2000 milhas por hora – enquanto leio uma revista. Incrível, não é?! Enquanto me sento, esperando a aeromoça trazer o meu lanche, estou pensando sobre porque viajo. Na noite anterior, eu me lembrei porque faço isso – porque acredito que viajar faz valer a pena todos os desafios. Estava fazendo uma viagem de missão em Porto Rico. Depois de um dia de trabalho, enquanto dirigíamos de volta para a igreja, uma das jovens levantou uma questão: Você acha que eu deveria fazer faculdade ou me mudar para África? Não acho que ela estava falando comigo. Na realidade, tenho certeza que ela não estava. Mas isso não me impediu de dar minha opinião. Eu disse para ela viajar. Sem desculpas. Apenas vá. Ela suspirou, balançou a cabeça e disse: “É, mas…” Eu já escutei esta desculpa antes e não a aceito. Conheço muito bem o “É, mas…”. Já o pronunciei muitas vezes. Estas palavras parecem inocentes, mas são fatais. É, mas…  E as dívidas? E meu trabalho? E meu namorado? Essas frases são letais. Parece que temos as melhores das intenções, quando, na verdade, estamos muito assustados para fazer o que devemos fazer. “É, mas…” é uma permissão para sermos covardes, parecendo nobres. A maioria das pessoas que esperam para viajar o mundo, nunca o fazem. Por outro lado, muitas pessoas que esperaram para fazer uma pós-graduação ou conquistar um emprego estável, conseguiram após terem viajado. Isso me fez lembrar o Dr. Eisenhautz em um vestiário masculino. Dr. Eisenhautz era um professor alemão da minha faculdade. De alguma forma, mencionei que eu e um amigo estávamos fazendo academia há um tempo, três vezes por semana. “Ótimo”, Dr Eisenhautz repetiu. E então, ele soltou uma das coisas mais profundas que eu já escutei na minha vida: “Os hábitos que se formam na juventude estarão com você para o resto de sua vida.” Virei a cabeça, arregalei os olhos e olhei para ele, deixando as suas palavras mergulharem em minha mente. Ele acenou com a cabeça, disse um tchau rouco e saiu. Eu estava surpreso. Essas palavras ecoaram em minha mente pelo o resto do dia. Mesmo após anos, elas ainda me assombram. É verdade – os hábitos que você forma na sua juventude, provavelmente, irão te acompanhar para o resto de sua existência. “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente”, Aristóteles disse uma vez. Eu não quero parecer muito melancólico e acredito que sua vida pode se transformar a qualquer momento, mas há uma lição importante nesta frase: a vida é o resultado de hábitos intencionais. Então, decidi fazer as coisas que eram mais importantes para mim em primeiro lugar, não por último. Depois de me formar na faculdade, entrei para uma banda e viajamos pela América do Norte durante nove meses. Tocamos em escolas, igrejas e prisões. Até passamos uma mês inteiro em Taiwan fazendo uma turnê (éramos famosos). Por conta do nosso baixo orçamento, costumávamos ficar na casa de algumas pessoas. Durante o jantar ou em alguma conversa no final da noite, sempre surgia a declaração que eu temia. Como estávamos conversando sobre a vida na estrada – os desafios de longos dias enfiados em uma van – alguns adultos bem-intencionados diziam “É ótimo que vocês façam isso… enquanto ainda são jovens”. Ai. Essas últimas palavras – enquanto vocês ainda são jovens – parecia que esmagavam limões nos meus olhos (aliás, essa é uma sensação que eu já senti). Elas cheiravam a lamentação de meia-idade. Odiava aquela frase. Eu queria responder: “Não, isso NÃO é ótimo enquanto ainda sou jovem! Isso é ótimo pelo resto da minha vida! Vocês não entendem. Isso não é algo que estou fazendo para matar o tédio. Isso é o meu chamado! Minha vida! Eu não quero o que vocês querem. Serei sempre um aventureiro.” Em alguns anos, entrarei na casa dos trinta. Hoje percebo como eu estava errado. Apesar da conotação negativa daquelas palavras, havia sabedoria nelas. Quando envelhecemos, a vida nos cobra. Independente do que fazemos, sempre teremos mais responsabilidades, dívidas, mais obrigações. Isso  não é só ruim. Na verdade, em muitos casos isso é muito bom. Significa que você está influenciando pessoas, deixando um legado. A juventude é um momento de fortalecimento. Você começa a fazer o que quiser. Quando amadurecer e ganhar novas responsabilidades, você tem que ser muito sábio e não perder de vista o que é realmente importante. A melhor maneira de fazer isso é focar e investir em sua vida, para que você possa definir quem será em seus últimos anos.

Eu escolhi viajar. Não para ser um turista, mas para descobrir a beleza da vida – para me lembrar que não estou completo.

Não há nada como andar de bicicleta em frente à Golden Gate Bridge ou ver o Coliseu ao pôr do sol. Eu gostaria de poder pintar um quadro para você saber como são incríveis as montanhas da Guatemala, ou como é demais aparecer em um programa da TV italiana. Mesmo as fotografias que tenho de Niagara Falls e nos campos do meio-oeste americano, não fazem justiça a essas experiências. Eu não posso te dizer quão bonito é o sul da Espanha visto a partir da janela de um trem, você tem que experimentar. Só vendo para acreditar. Enquanto você é jovem, deve viajar. Você deve ter tempo para ver o mundo e experimentar a plenitude da vida. Passe uma tarde sentado em frente ao Michelangelo. Ande pelas ruas de Paris. Escale o Kilimanjaro. Percorra a trilha dos Apalaches. Veja a Grande Muralha da China. Quebre o seu coração pelos “campos de morte” do Camboja. Nade através da Grande Barreira de Corais. Estes são os momentos que definem o resto de sua vida, eles são as experiências que ficarão com você para sempre. Viajar muda a sua vida como poucas coisas podem mudar. Viajar vai te colocar em lugares que te forçarão a pensar em questões muito maiores. Você vai começar a entender que o mundo é, ao mesmo tempo, muito grande e muito pequeno. Você terá mais respeito pela dor e sofrimento, visto que dois terços da humanidade lutam para simplesmente garantir uma refeição a cada dia. Enquanto você ainda é jovem, ganhe cultura. Conheça o mundo e as pessoas maravilhosas que nele vivem. O mundo é um lugar deslumbrante, cheio de obras de arte. Veja. Você não vai ser sempre jovem. E a vida não será sempre apenas sobre você. Então, viaje, jovem. Experimente o mundo. Torne-se uma pessoa de cultura, aventura e compaixão. Enquanto você ainda pode. Não desperdice esse tempo. Você nunca vai tê-lo novamente. Você tem uma oportunidade crucial para investir na próxima temporada de sua vida. Tudo o que você semear, colherá. Os hábitos que formamos nessa fase, ficarão com você para o resto de sua vida. Então, escolha sabiamente esses hábitos. E se você não é tão jovem como gostaria, viaje mesmo assim. Pode não ser fácil ou prático, mas vale a pena. Viajar permite que você se sinta mais ligado aos seus companheiros, aos seres humanos, de uma forma profunda e duradoura. Em outras palavras, viajar te torna mais humano.
Isso é o que as viagens fizeram por mim.

15 julho 2015

Por que ela é tão sensacional?

Sabe por que ela é tão sensacional? Porque ela te faz esperar. Te faz implorar. Te deixa ridiculamente vulnerável, te rouba o sossego, te faz trocar o travesseiro pela cachaça, o sorriso pela lágrima, a paz pelo desespero. 
Sabe por que ela te parece tão inspiradora? Porque ela é uma filha da puta. Que te trocou por outro, não respondeu as tuas mensagens, cuspiu na sua dignidade e continua sendo musa das suas poesias.
Ela nem tem uma bunda insubstituível... O que tornaria, talvez, explicável toda essa obsessão patética? Só há uma diferença verdadeiramente expressiva entre ela e aquela moça que te elogiou o sorriso: é que ela não te quer. Ela tornou-se inalcançável e isto te atraiu de uma maneira que você simplesmente não consegue lidar. Que grandessíssimo babaca é você, deixando mulheres sensacionais para trás enquanto se ocupa em remoer o desprezo de quem simplesmente não te ama mais.
Você parece tão adulto, mas que grandessíssimo babaca – amando sem ser amado pelo simples prazer de protagonizar um pseudodrama imbecil.
Quer saber de uma coisa realmente dolorosa – e da qual um imbecil como você é completamente merecedor? – ela não te quer. Nem por um diazinho. Nem pra lamber-lhe os sapatos e lavar-lhe as calcinhas. Ela deixou de te querer quando percebeu que continuar te querendo era o primeiro passo pra deixar de te merecer. Porque um homem como você só se contenta com o impossível, com o difícil, com o problemático – e, embora você seja realmente muito filho da puta, quem sou eu pra te julgar? Eu também gosto dos filhos da puta.
Mas, acredite, ela faria qualquer coisa pra se ver livre dessa sua patética dor de cotovelo. Ela não vê, mas seria tão simples: a ela bastaria se apaixonar por você. Ouvir tuas palavras, te aquecer numa noite fria, tomar uma cerveja com você no fim do expediente. Cuidar bem do teu amor.
E então, ela deixaria de ser sua musa inalcançável para tornar-se um inconveniente, um infortúnio. Deixaria de ser venerada para ser simplesmente indesejada no momento em que correspondesse a estes anseios ridiculamente exagerados que você alimenta. Ela ouviria um milhão de nãos no instante em que te dissesse sim. Por que um homem como você não ama o amor: ama a conquista, a vitória, o triunfo. Um homem como você é babaca demais pra perceber: ela só é tão sensacional por não ser mais tua.




Para o ex

09 julho 2015

Não existe regras pra amar

Certa vez conheci uma mulher na balada. Vestido curto, tatuagem no ombro, batom vermelho e o copo de bebida na mão. Sabe aquele olhar de mulher safada? Aquela que você olha e já sabe bem o que ela veio fazer ali. Essa tinha exatamente esse olhar, o que para mim era perfeito, já que eu havia saído de casa naquela noite com o mesmo objetivo. Formulei algo engraçado para dizer na primeira abordagem. Ela sorriu. Conversamos por alguns minutos até que veio o convite para dançar. Mal sabia ela que eu era simplesmente irresistivel nesse quesito. Depois de um ou dois copos aconteceu então o primeiro beijo. E que beijo! Tem gente que beija com a intensidade de quem faz compras de verduras no supermercado. Já outros são como um adolescente escolhendo o seu primeiro carro. Definitivamente ela era desse segundo grupo. Acreditem em mim, o beijo foi surreal. Daqueles com direito a mordida no lábio, puxão de cabelo, mão por dentro da camisa e lambida na orelha. De duas uma: ou eu era naquela noite o homem mais gostoso do universo ou aquela mulher tinha bebido o triplo do que eu bebi na minha vida inteira. Foi impossível parar de beijá-la durante toda a noite. Quando fui deixá-la em casa e me perguntou se gostaria de entrar eu não pensei duas vezes. Sim, foi sexo no primeiro encontro. A melhor noite de sexo da minha vida. Foi aí que descobri que o forte dela não era o beijo. Haviam habilidades ainda maiores. O sol chegou e nós ainda não tínhamos dormido. A vida correndo lá fora e eu ali ofegante, com aquela estranha deitada em meus braços. Antes de me despedir trocamos números de celular por mera formalidade. Todo mundo sabe que casais que vão para cama no primeiro encontro não tem como darem certo. Sabe, talvez se tivéssemos ido mais devagar as coisas poderiam ter sido diferentes. Quem sabe? Muitos anos já se passaram e aquela noite ainda não saiu da minha cabeça. Curioso como algumas pessoas pela nossa vida e nem se dão conta de que deixaram marcas profundas. Eu nunca vi a minha professora do primário, nem a minha namoradinhha do curso de inglês, mas, a mulher que conheci naquela noite, nunca mais saiu da minha mente. Agora mesmo ela está ali na cozinha, preparando a lancheira que o nosso filho caçula leva para a escola. Depois vai no escritório me dar um beijo igual àquele que ganhei na boate tempos atrás. De noite repetiremos mais uma vez nosso sexo selvagem. Não é de se espantar? A moça do vestido curto se tornou a mulher da minha vida. Eu não sei bem como vai acontecer com você. Se vai conhecer seu grande amor na fila do pão, na sua esta de formatura ou no acampamento da igreja. Eu não sei se vão se beijar no primeiro encontro ou se farão sexo só depois do casamento. O que eu sei é que não existe regra para tudo isso dar certo. Vejam vocês a minha história. A mãe dos meus filhos gosta de beber, tem tatuagem e é uma depravada na cama. Ao mesmo é uma mãe incrível e uma esposa fiel, carinhosa e companheira. Nossa sociedade é mesmo repleta de normas e rótulos, felizmente a maioria delas não funciona o tempo todo.